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O poder do mito e da lenda em Ghost of Tsushima

Eu nunca escondi meu gosto por Samurais e sua cultura, acho que é uma das coisas que eu mais gosto de ler e descobrir sobre. Inclusive, aqui neste blog, escrevi um post inteiro dedicado à Vagabond, um mangá de Takehiko Inoue. Eu amo essa obra e considero meu post como uma “carta de amor”. Mas hoje eu quero puxar outro contexto e, por consequência, outra obra: Quero explorar o poder do mito e da lenda em Ghost of Tsushima.

Bom, como de praxe, deixa eu explicar do que estou falando. “Ghost of Tsushima” é um jogo de ação e aventura desenvolvido pela Sucker Punch Productions e lançado em 2020. A história se passa por volta de 1274 durante a invasão mongol da Ilha de Tsushima, no Japão. Assumimos o papel de Jin Sakai, um guerreiro samurai e o último membro sobrevivente de seu clã.

Não quero detalhar muito a história, mas enquanto a ilha é devastada pelos mongóis, Jin deve ir contra seu treinamento tradicional de samurai e adotar táticas, digamos, não convencionais ou não tão honrosas para libertar Tsushima. Como jogadores, a gente explora um vasto mundo aberto, nos envolvendo em intensos combates de espada e aprendendo a utilizar furtividade e habilidades do “Fantasma” para superar os inimigos. Na minha humilde opinião, é um dos melhores games de Samurai já feito até hoje. Vale a pena demais!

Ghost of Tsushima, 2020.

Ghost of Tsushima trabalha muito com o lado lendário e mitológico do Japão e, à partir disso, ele ilustra de certa maneira a influência disso na formação de crenças e culturas, bem como a compreensão humana. O jogo geralmente carrega mensagens simbólicas e morais, fornecendo explicações para fenômenos naturais, comportamentos, etc. Daí se refere o poder do mito e da lenda.

Explorando a identidade cultural

Essa exploração cultural que o jogo traz é como se fosse uma janela para a diversidade cultural e heranças japonesas. E é tudo muito lindo aqui, já que o jogo possui fotografias e cenários maravilhosos. Ghost of Tsushima incorpora elementos mitológicos e homenageia lendas e folclore seculares que definem (ou definiram) a identidade cultural do Japão. Dessa forma, ele explora a identidade cultural do país nos imergindo em um cenário histórico, com arquitetura e roupas tradicionais. O jogo mostra os princípios do código samurai mas também nos desafia a refletir sobre os dilemas morais enfrentados pelo protagonista, Jin Sakai, já que o herói precisa abrir mão de certos valores para ter sucesso na missão de libertar Tsushima.

As vestimentas e algumas escolhas no desenvolvimento também acrescentam muito no jogo. Trajes e armaduras japonesas autênticas adicionam profundidade visual e homenageiam a herança daquele período no país. E a opção por dublagem e legendas em japonês, o que eu considero maravilhoso, potencializa essa imersão cultural. O jogo realmente nos conecta aos aspectos espirituais e culturais que formaram a identidade japonesa. Atividades opcionais, como cerimônias do chá e composição de haiku, fornecem vislumbres dos rituais culturais e expressões artísticas japonesas, enfatizando a atenção plena, a tranquilidade e a apreciação da natureza. “Ghost of Tsushima” é uma exploração riquíssima e belíssima dessa identidade cultural do Japão e faz isso de uma maneira muito inteligente por meio de seus elementos históricos, estética visual, valores morais e crenças espirituais.

Ghost of Tsushima te faz querer passar horas apenas explorando seus cenários e segredos.

Simbolismos e Metáforas

Bom, acho que mitos e lendas sempre foram uma forma prática e eficaz para transmitir mensagens profundas e verdades universais. Em Ghost of Tsushima, eu vejo essas narrativas como “metáforas” que acabam ressoando em um nível mais profundo. Por exemplo, a luta entre o bem e o mal, a jornada do herói e os sacrifícios feitos por uma causa maior…esses temas se expressam nos elementos míticos do jogo. Cada encontro com uma figura lendária, cada rapozinha encontrada, tudo carrega um peso simbólico e nos gera reflexão sobre a vida, além de inspirar os desafios enfrentados pelo Jin.

O legal é que tudo isso resulta em mais significado, ao jogo e ao jogador. Ghost of Tsushima usa símbolos visuais como folhas vermelhas e arquitetura para transmitir significados mais profundos. A própria jornada do Jin, se olharmos por outras perspectivas, serve como uma metáfora para o crescimento e transformação pessoal. A dualidade do “Fantasma” representa um conflito metafórico dentro do herói, e isso mostra o quanto pode ser difícil manter o equilíbrio entre tradição e adaptabilidade. O clima, os elementos naturais e a música do jogo aumentam o simbolismo e o impacto emocional da história, bem como outros personagens e encontros simbólicos que também representam temas maiores ou ideias filosóficas. Todo esse simbolismo e metáfora promove bastante reflexão sobre tudo o que a gente explora durante o jogo. Ah, cara…Ghost of Tsushima é lindo demais!

Simbolismos e mitos ancestrais são parte constante do jogo.

Inspiração e Aspiração

Toda essa história de mitos, lendas e simbolismos também implicam em outra questão muito importante: Elas inspiraram indivíduos a ir além de seus limites, superar adversidades e se erguer como heróis. Ghost of Tsushima canaliza esse poder atemporal para acender uma chaminha de heroísmo em seus jogadores. Quando a gente assume o papel de Jin Sakai e navegamos pelo caminho traiçoeiro de defender Tsushima, somos encorajados a incorporar as virtudes da honra, coragem e abnegação.

O jogo nos lembra que, mesmo diante das piores adversidades, o espírito indomável de um herói pode emergir, transformando pessoas comuns em lendas extraordinárias. Esse é um poder narrativo muito bonito, pois nos faz nos enxergar dentro daquele contexto. Portanto, Ghost of Tsushima explora a inspiração e a aspiração nos apresentando figuras heróicas e enfatizando o crescimento pessoal, a honra e a resiliência. O jogo mostra personagens que nos inspiram por meio de sua bravura e sacrifício.

Nos momentos mais difíceis, surge o mais forte herói.

A ponte entre o passado e o presente

Uma coisa bem legal nesse jogo é que ele ressuscita esses contos mitológicos em uma maneira mais moderna. O efeito disso é que a gente se envolve nas narrativas em um contexto mais contemporâneo. É como se o jogo criasse, através de sua dinâmica, uma ponte entre o passado e o presente.

Ghost of Tsushima une esses espaços de tempo através de sua narrativa e de seus personagens, que oferecem essa perspectiva mais moderna que falei anteriormente, desafiando os valores tradicionais e convidando à reflexão sobre a relevância do passado no presente. A mecânica de jogo mistura elementos tradicionais e modernos, criando uma ponte entre o contexto histórico e as experiências de jogo contemporâneas. É o famoso uso inteligente da tecnologia e do poder que as engines atuais oferecem. E ao envolver ativamente os jogadores na história e nos processos de tomada de decisão, o jogo cria uma conexão pessoal e preenche a lacuna entre as experiências atuais do jogador e o cenário histórico. No geral, Ghost of Tsushima é um jogo que reúne efetivamente o passado e o presente, permitindo que os jogadores se envolvam com a história e as tradições do Japão através de lentes modernas. Incrível, não?

Ao longo do jogo, somos levados à tomar decisões que afetam a moralidade de Jin. São mecânicas modernas contando uma história do passado.

Preservando um patrimônio cultural

Poucas coisas são tão valiosas quanto à nossa história, e as obras que se referem à ela são valiosas pois ajudam nessa preservação. Ghost of Tsushima não foge disso.

À medida que a tecnologia e o tempo avançam, a preservação do patrimônio cultural torna-se cada vez mais crucial. Ghost of Tsushima serve como um guardião do legado mitológico do Japão, garantindo que esses contos antigos permaneçam vibrantes e acessíveis a uma nova geração. Não é somente “dar vida” a essas histórias em um meio tão influente quanto os videogames, o jogo também nutre uma apreciação pela profundidade e beleza da cultura japonesa, permitindo que os próprios jogadores se tornem guardiões dessas preciosas narrativas.

Sendo assim, Ghost of Tsushima preserva a herança cultural criando uma representação autêntica e respeitosa do Japão feudal. O jogo presta atenção à precisão histórica em seu cenário, arquitetura e paisagens, preservando a estética visual da época. Roupas e armaduras tradicionais são fielmente recriadas, mostrando o significado cultural do traje japonês. A inclusão de tradições e rituais culturais, como cerimônias do chá e composição de haicai, permite que os jogadores se envolvam e apreciem os costumes japoneses. A opção de dublagem e legendas em japonês também preserva a linguagem e as expressões dos personagens japoneses, aumentando a autenticidade do jogo. A incorporação da mitologia e do folclore japoneses mostra e homenageia a rica herança mitológica do Japão, além do compromisso da equipe de desenvolvimento com a sensibilidade cultural, o que garante um retrato respeitoso e preciso da cultura japonesa. Quando juntamos esses elementos, temos um jogo que preserva e celebra ativamente a cultura de seu contexto, proporcionando aos jogadores uma experiência imersiva que promove a apreciação de suas tradições e costumes.

Tradições e rituais estão belamente inclusos na narrativa de Ghost of Tsushima

Abraçando o poder do mito e da lenda

Ghost of Tsushima é uma prova do poder duradouro do mito e da lenda. Imergir nesse mundo rico do folclore japonês nos desperta curiosidade, imaginação e também nos instiga um senso de apreciação cultural. E isso enfatiza o impacto das lendas e o papel que elas desempenham na formação da identidade cultural e na inspiração de indivíduos para, não só se tornarem heróis em seus jogos favoritos, mas também entender mais sobre seu passado. Este aspecto é lindo e para mim destaca fortemente o poder duradouro de contar histórias e sua capacidade de cativar e motivar.

Que sempre tenhamos jogos assim!

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Obrigado por chegar até aqui! Espero que tenha gostado do papo e te convido a dar uma olhada nos outros textos do blog. Um forte abraço!

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