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“Sonder” e a jornada que cada de nós um tem que seguir

Alguma vez você já andou pela rua, viu outras pessoas passando o dia e se perguntou como é a vida delas? Provavelmente elas têm uma família, animais de estimação, boletos, crises, conquistas e amigos, assim como você. Sabe aquela sensação de que cada pessoa tem a sua própria história de vida, com suas próprias alegrias, desafios e aventuras? Pois então, esse sentimento tem nome: Sonder.

Sonder” é um termo criado por um cara chamado John Koenig no seu projeto “The Dictionary of Obscure Sorrows“. E é justamente essa constatação de que cada pessoa tem uma vida tão complexa quanto a sua, com ambições, preocupações e rotinas próprias. Essencialmente, é como ser o protagonista do seu próprio livro, mas perceber que todo mundo também é o personagem principal da sua própria história. Legal, né? Esse termo acabou ganhando uma certa popularidade (não me pergunte o porquê) e descreve bem momentos de introspecção e empatia para com os outros.

E eu cheguei nele de uma maneira bem legal.

Sonder: a percepção de que cada um tem sua própria história.

Journey e a beleza de compartilhar experiências

Em 2012 foi lançado um joguinho indie bem legal chamado Journey, que na real eu só fui jogar anos mais tarde no PS4. Nesse jogo, a gente controla um personagem todo encapuzado que viaja por um vasto e misterioso deserto. O jogo possui um gameplay extremamente simples, sem muitas combinações de botões e essas coisas, e a princípio, um enredo até estranho de se entender. A única coisa que você sabe é que você precisa chegar até um feixe de luz que se vê ao longe em uma montanha bem alta. Não é um jogo difícil nem muito longo (gameplay de umas 2hrs? Por aí…), na verdade, você pode muito bem ir direto ao ponto se assim quiser, mas o jogo te encoraja a explorar o deserto e a medida em que progredimos, vamos encontrando mais obstáculos, desafios, mistérios mas, ao mesmo tempo, nos encantando com a beleza que aquele lugar incomum também oferece.

Journey – 2012

Além de ser um jogo muito bonito por si só, você também consegue interagir com outros jogadores que eventualmente encontramos durante a jogatina. Não existe diálogo nem idioma em Journey, na verdade, você é bem solitário durante o jogo e quando encontra alguém pelo caminho, existe uma conexão impressionante. Os únicos sons que você consegue emitir são simples notas musicais, mas você pode, junto aos outros jogadores, se ajudar a superar obstáculos e compartilhar alguns momentos legais de descoberta e admiração. E é aí que o termo “Sonder” surge nessa história. Um dos melhores reviews e bate papos sobre esse jogo eu ouvi em um episódio do podcast 99Vidas. Não tenho mais em mente qual o número do episódio, mas o termo foi levantado pelo Izzy Nobre naquela época. E faz muito sentido.

Ao longo de sua solitária jornada, você eventualmente encontra outros jogadores, trilhando à sua maneira seu próprio caminho.

Ao encontrar outro jogador ali, no deserto, tentando à sua maneira alcançar aquele mesmo feixe de luz, você percebe como cada pessoa tem sua própria história, percepções e motivações. Aquela pessoa pode ser de qualquer parte do mundo, com outras formações e experiências e pode estar em um ponto completamente diferente do seu dentro da sua própria jornada pessoal. E, ainda assim, ali estão vocês, conectados pela experiência compartilhada daquele mundo. Journey é de uma delicadeza fora do comum.

E essa sensação de Sonder é especial nesse jogo, já que ele enfatiza bastante a importância da empatia e das conexões que criamos.

Acabo de perceber que eu falo muito sobre conexões nesse blog hahahaha.

Enfim, você progride muito melhor no jogo se você e os outros jogadores se ajudarem e trabalharem juntos. E, para isso, vocês devem confiar nas habilidades e capacidades uns dos outros para chegar ao seu destino.

Journey é um jogo simples, mas muito forte e bonito em sua narrativa. É uma jornada sua, solitária na maior parte, mas que diz muito sobre a importância das nossas relações com outras pessoas, sobre reconhecer que há humanidade nos outros também e a humildade de aceitar ajuda e ajudar alguém. E assim você consegue experienciar de verdade a beleza daquele mundo e toda a sua complexidade. Journey é uma celebração do conceito de sonder: Somos protagonistas de nossa própria história, mas às vezes a gente se esbarra por aí.

Compartilhar experiências em Journey é muito bonito e gratificante.

A importância de tudo isso

Entender o real significado de Sonder pode aprofundar muito nossa relação com os outros. Quando a gente percebe que cada pessoa que encontramos é um ser único, que tem seus corres e suas próprias perspectivas, é bem provável que a gente aja com mais compaixão, gentileza e mente aberta.

É importante reconhecer essa complexidade e profundidade da vida de outras pessoas, isso nos torna melhores ouvintes, comunicadores e também amigos. Podemos aprender com suas experiências e trabalhar juntos para criar uma sociedade melhor.

Além disso, entender esse conceito também pode nos ajudar a encontrar maior significado e propósito em nossas próprias vidas. Quando reconhecemos que não somos o centro do universo e cada pessoa que encontramos tem suas próprias lutas e triunfos, podemos sentir uma sensação de conexão e pertencimento que pode ser profundamente gratificante.

Espero sempre descobrir novos conceitos como este.

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