Cinema

O que esperar de Nosferatu, de Robert Eggers?

Um dos meus diretores favoritos do gênero de terror na era moderna é, com certeza, Robert Eggers. Inclusive, já escrevi aqui na Olhe Novamente sobre ele e sua contribuição ao que podemos chamar de Terror Gostoso, onde os filmes focam em tensão psicológica em vez de sustos repentinos, os famosos “jump scares”. Eggers é um cara bastante autêntico e usa muita atmosfera e precisão histórica em seus filmes, como podemos ver em A Bruxa (2015), O Farol (2019) e O Homem do Norte (2022), filmes excelentes, com narrativas envolventes e perturbadoras. A tensão que ele constrói em seus filmes é desenvolvida de forma gradual, criando esse psicológico assustador que tanto diferencia seu trabalho do de outros diretores. Adoro esse cara!

Robert Eggers (direita) com Robert Pattinson (esquerda) para “O Farol”

Se você também já é fã do diretor, já deve saber que ele se prepara para lançar seu aguardado remake de Nosferatu. O hype já é alto para ver como ele reinterpretará o clássico conto de vampiros. A julgar pelos seus trabalhos anteriores, espera-se que ele abrace a mesma tensão atmosférica e assustadora que define seu estilo. Acredito que Nosferatu será mais trabalhado no medo psicológico em vez de elementos de terror convencionais, explorando temas de isolamento, loucura e medo existencial, mas sem perder totalmente a fidelidade à história original.

“Minha abordagem é semelhante ao que Murnau, Albin Grau, Henrik Galeen e todos estavam fazendo. Eu sei que há sombras e tudo mais, e isso faz parte do movimento impressionista. Mas, na verdade, eles estavam se aprofundando nas pinturas de Caspar David Friedrich e Biedermeier para sua composição e pesquisa. Nós amplificamos o que estava lá na versão original.” – Robert Eggers, para a revista Empire.

Aliás, Nosferatu é uma história bem antiga, talvez não tão conhecida como merece, mas é considerada um clássico do cinema até hoje. O filme é um dos primeiros e mais icônicos filmes de terror, dirigido por F. W. Murnau e lançado em 1922. É uma adaptação não autorizada de Drácula, de Bram Stoker (1897). Como os cineastas não conseguiram os direitos do livro, eles fizeram várias mudanças para evitar alguns problemas legais, embora o cerne da história seja semelhante ao de Drácula. É aquela coisa, né: nada se cria, tudo se copia. De qualquer forma, é um baita filme.

Nosferatu (1922)

A história original acompanha Thomas Hutter, um corretor imobiliário na Alemanha, que é enviado por seu empregador, Knock, para conhecer o Conde Orlok, um nobre misterioso que vive em um castelo distante na Transilvânia. Orlok está interessado em comprar uma propriedade na cidade de Wisborg. Hutter deixa para trás sua esposa, Ellen, que começa a ter visões estranhas enquanto ele está fora.

Quando Hutter chega ao castelo do Conde Orlok, logo percebe que há algo muito errado ali. O Conde é uma figura assustadora e magra, com dentes afiados e dedos alongados, e seus comportamentos são bem perturbadores. À noite, Orlok revela sua verdadeira natureza de vampiro, e Hutter é mantido em cativeiro no castelo.

Enquanto isso, Orlok, o Nosferatu, se prepara para viajar para Wisborg de navio, trazendo uma praga de ratos com ele. Durante a viagem, a tripulação do navio morre misteriosamente, deixando o barco a caminho de Wisborg sem sua tripulação.

À medida que o vampiro começa a espalhar morte e doenças pela cidade, Ellen descobre que a única maneira de derrotar Nosferatu é através do sacrifício de uma mulher de coração puro. Ela então se permite ser mordida, distraindo o Conde Orlok até o sol nascer. Exposto à luz do sol, Orlok é destruído, e a praga termina. Ellen morre nos braços do marido.

Olhando pela perspectiva gótica do filme original de Murnau, espera-se que Eggers permaneça fiel ao tom sombrio e assustador do material de origem, ao mesmo tempo em que ele adiciona suas características próprias de precisão histórica e todo o realismo que a tecnologia moderna permite. Isso porque ele já mostrou que tem experiência e conhecimento para criar mundos imersivos, onde a autenticidade aumenta o horror. Portanto, é mais do que natural esperarmos que Nosferatu seja um filme visualmente muito bom também, com uma atenção legal aos detalhes do período em que se passa, além de ser especialmente assustador.

“Sim, é um filme assustador. É um filme de terror. É um filme de terror gótico. Não temos tido filmes góticos da velha guarda que sejam realmente assustadores há algum tempo, e acho que a maioria das pessoas irá achar que este é um desses casos. [assustador]”. – Robert Eggers, para a revista Empire.

Outro ponto é que a exploração de Eggers do mito dos vampiros provavelmente se aprofundará mais no personagem do Conde Orlok. Pode ser que o diretor “humanize” mais o monstro, enquanto mantém o clima de terror ao redor dele, possivelmente misturando temas de solidão trágica com ameaça sobrenatural. Acredito que Nosferatu evitará ao máximo os clichês típicos de vampiros, inclinando-se mais para a preferência do diretor por uma tensão de construção lenta, segundo suas próprias características artísticas. Além disso, em uma entrevista à revista Empire, Eggers disse que teremos mais da história de Ellen no filme do que no conteúdo original, o que eu particularmente acho bem interessante.

“É ainda mais a história de Ellen do que nas versões anteriores. E Lily-Rose está absolutamente fenomenal.” – Robert Eggers, para a revista Empire.

Bom, no geral, isso tudo são apenas suposições e, claro, só teremos um veredito quando o filme de fato estiver disponível. Até lá, com certeza podemos esperar que Nosferatu evoque o horror gótico por meio do design envolvente de Eggers, paisagens sonoras naturais e a profundidade psicológica que ele sempre traz para seus personagens. Essa combinação de arte moderna e reverência pelo cinema clássico já posiciona Nosferatu como um filme com potencial de redefinir o horror de vampiros para uma nova geração, ao mesmo tempo em que honra suas raízes no cinema mudo, assim como Eggers também contribuiu com um novo rumo para o horror ao lançar o filme A Bruxa.

A Bruxa (2015)

Alguns nomes do elenco:

Conde Orlok será interpretado por Bill Skarsgård, muito conhecido por sua interpretação do maligno palhaço dançarino Pennywise nos recentes filmes It. Ele também trabalhou em Barbarian (2022) e em John Wick: Capítulo 4 (2023).

Bill Skarsgård

Willem Dafoe também está no elenco. Ele coestrelou o filme O Farol, de Eggers, em 2019, junto com Robert Pattinson, em uma atuação fantástica. Dessa vez, ele interpretará um personagem chamado Professor Albin Eberhart Von Franz, que não existia no Nosferatu original.

Willem Dafoe

Nicholas Hoult interpretará Thomas Hutter, o protagonista principal de Nosferatu. Ele já esteve em alguns filmes bem conhecidos, como X-Men: Primeira Classe (2011) e suas sequências, além do bizarro O Menu (2022).

Nicholas Hoult

Interpretando a esposa de Hutter, Ellen Hutter, estará Lily-Rose Depp. Ela está construindo sua carreira de atriz e recentemente estrelou a controversa série da HBO, The Idol, de Sam Levinson. Antes de sua escalação, Anya Taylor-Joy, que já trabalhou com Eggers em A Bruxa e O Homem do Norte, estava ligada ao papel. Adoro a Anya, mas será interessante ver uma atriz nova em um papel como esse.

Robert Eggers Nosferatu
Lily-Rose Depp

O filme tem como previsão de estréia o dia 25 de dezembro de 2024 e tem tudo para ser um dos filmes de terror mais legais dos últimos anos. Eu estou super empolgado! E você?

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Material de Referência

1 – Empire, Nosferatu Will Conjure Vampiric Terror In Robert Eggers’ ‘Old-School Gothic’ Horror: ‘It’s A Scary Film’

2 – F.W. Murnau, Nosferatu

3 – Robert Eggers, Nosferatu (2024)

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