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Zona de Interesse: Somos Pessoas Melhores Hoje, Não Somos?

“E a banalidade do mal, hein?” Às vezes eu acho que essa é a única forma de se referir ao novo filme de Jonathan Glazer, Zona de Interesse. 😂, parece que qualquer tentativa de descrever esse filme é imediatamente sugada pela filosofia de Hannah Arendt. Bom, brincadeiras à parte, ainda que esse conceito esteja sendo massivamente utilizado como referência ao filme do Glazer, ele não deixa de ser uma representação insuportávelmente exata do que vemos em tela.

Zona de Interesse

O mal como algo banal. A real é que chega a dar arrepios só de pensar nessa frase. Aliás, chega a dar arrepios sequer lembrar de Zona de Interesse. Hannah Arendt traz isso como a ideia de que o mal não tem uma aparência vilanesca ou, sei lá, satânica, como normalmente o associamos. O mal, na verdade, é evocado quando princípios imorais são normalizados ao longo do tempo por pessoas que não pensam nas coisas pela perspectiva dos outros, principalmente dos que estão sofrendo. A falência máxima da empatia, onde o mal se torna comum, banal. Se torna o cotidiano e pessoas comuns no nosso dia a dia se transformam, sem perceber, em cúmplices de sistemas que perpetuam esse exato mal. Você provavelmente é uma pessoa comum, que nem eu. Isso não te preocupa?

Como a própria Hannah Arendt disse: “A triste verdade é que a maior parte do mal é cometida por pessoas que nunca decidiram ser boas ou más.”

Puts. Eu penso nas crianças desse filme, crescendo ao som de gritos de desespero e dor do outro lado do muro sem conceber a insanidade do que está rolando ali. O que os olhos não vêem o coração não sente, não é mesmo? Eu me pergunto por quê aquele bebê chora tanto.

Zona de Interesse

Ainda bem que esse filme é sobre o Holocausto, algo que já acabou. Somos pessoas melhores hoje, não somos? Ainda bem que podemos assistir o jornal, do conforto de nosso sofá, e ficar horrorizados com as injustiças desse nosso mundo. Ainda bem que hoje o mal não é mais banalizado. Ainda bem que não somos mais cúmplices de nenhuma barbaridade normalizada. De vez em quando uma guerra ou outra, mas nada como foi o Holocausto. Aquilo foi terrível mas hoje o superamos! 👍🏾

Ainda bem que estamos todos, cada um de nós, em nossas próprias zonas de conforto e interesse.

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