Como Começar a Ler Tolkien Sem Se Perder no Caminho
Por que é tão difícil começar Tolkien? Muita gente tenta, poucos seguem em frente. A gente ouve falar de O Senhor dos Anéis, vê os filmes, acha tudo incrível, e então abre o livro… e trava. É uma montanha de nomes estranhos, mapas, árvores genealógicas e descrições de florestas que duram páginas. A vontade de ler passa. E aí, a gente pensa: “Talvez não seja pra mim”. Mas calma. O universo de Tolkien é, sim, pra você. Você só precisa aprender como ler. Talvez a primeira coisa que você precise saber seja: Tolkien não só escreveu livros, ele criou um mundo.
Ler as histórias da Terra-Média é como viajar para um país completamente novo – com sua própria história, mitologia, idioma e geografia. Você não vai entender tudo de cara, e tudo bem. O importante é se permitir mergulhar. Você não precisa decorar todos os nomes élficos, só se permita sentir a magia que existe por trás deles.

Por que ler Tolkien? Por que insistir?
Tenho três boas razões: Tolkien desperta o seu senso de maravilha. Sua literatura muda a forma como você vê o bem, o mal e a coragem. Tolkien te ensina a ver beleza até nas menores coisas.
Essa última é a mais poderosa. Seus livros falam sobre batalhas épicas, sim, mas o coração da sua obra está nas pequenas coisas: um lar aconchegante, uma canção ao pé da fogueira, o valor de um amigo leal. Tolkien nos lembra que mesmo o menor dos seres pode mudar o rumo do mundo.

Mas talvez você esteja dizendo:
“Eu tentei ler O Silmarillion e não entendi nada. A criação do mundo é esquisita e tem nome demais!”
Sim. Começar por O Silmarillion é como tentar entender Shakespeare começando por Rei Lear em inglês arcaico.
Aqui vai um guia para entrar na Terra-média com o pé certo:
1. Comece pelo começo certo.
Leia O Hobbit primeiro. É leve, divertido, com uma linguagem mais simples e um ritmo ágil. É uma excelente porta de entrada. Temos um texto sobre O Hobbit e um estudo de retórica aqui na Olhe Novamente, inclusive. Depois, vá para O Senhor dos Anéis, que é mais denso, mas muito mais profundo.
Deixe O Silmarillion para depois, como quem volta ao início depois de já amar aquele mundo. Aí sim, você já vai estar maduro e animado o suficiente para ler os outros livros que compoem o universo de Tolkien. Mas inicie com esses três – na ordem certa.

2. Não tente entender tudo.
Vai ter personagem que aparece por dois parágrafos e nunca mais volta. Vai ter canto élfico que você não vai saber traduzir. Não se preocupe. Deixe que a sonoridade das palavras te envolva, que o mistério faça parte da experiência.

3. Dê tempo ao tempo.
Tolkien é detalhista – muito detalhista. Ele não corre. Ele te convida a caminhar pela floresta com ele, escutar os ventos, a observar as cores do pôr do sol. Se você está procurando uma leitura rápida e direta, talvez esse não seja o momento ideal. Mas se estiver pronto pra desacelerar, será recompensado.

4. Leia em grandes blocos.
Já ouvi dicas que vão na contra-mão disso, mas sinceramente acho que não vale a pena ler a obra de Tolkien aos pedaços, em horários apressados. Reserve um tempo. Deixe-se levar. Quanto mais tempo você passar na Terra-média, mais real ela vai parecer. Vai chegar uma hora em que você vai sentir saudade dela. Vai por mim.

5. Use trilha sonora, se gostar
Talvez essa seja uma dica bônus, sei que ela não vai funcionar com muita gente. Mas, se você gosta e consegue, coloque uma música instrumental de fundo, algo que faça sentido com o que está lendo, claro. Ajuda (muito) a criar o clima certo, especialmente nas passagens mais lentas. Além de ser bem gostoso para “se curtir” em um monento só.

6. Leia com o coração aberto.
Tolkien é sobre bravura, amizade, perda, esperança. Sobre o valor de continuar mesmo quando tudo parece escuro. É uma leitura que toca fundo, se você deixar.
E, acima de tudo, lembre-se: Ele não escreveu para impressionar. Ele escreveu para encantar.
E se você se permitir ser encantado, nunca mais vai ler do mesmo jeito.
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