A Guerra de Troia, Game of Thrones e seus paralelos
Aproveitando que essa semana estou 100% team mythology, vamos pegar um gancho para falar de curiosidades. Como eu falei no meu texto sobre a fé na mitologia grega, os mitos gregos tinham muito essa função de explicar o mundo ao nosso redor, por que certas coisas acontecem, como acontecem e por aí vai. Hoje em dia, com mais entendimento cientifico de como tudo realmente funciona, os mitos não passam de…mitos. É aquela coisa, né: o conhecimento liberta, mas também pode deixar tudo meio chato. A ideia de que um raio caiu na terra porque Zeus o arremessou lá do céu é bem mais legal do que as explicações cientificas que temos hoje. Fazer o que, né?
Voltando ao assunto do dia, apesar de não ter mais validação nos dias atuais, os mitos ainda servem como inspiração, especialmente na criação de outras histórias. Muitos autores e diretores de cinema se baseiam nos contos gregos para criar narrativas. E talvez esse seja o caso de George RR Martin e da HBO na produção da série Game of Thrones, baseada nos livros de Martin, “As Crônicas de Gelo e Fogo”.
Tanto na história real quanto nos mitos, os gregos antigos são conhecidos por suas histórias trágicas de reis, guerra e sacrifício. E uma figura grega bem conhecida é Agamenon, o rei de Micenas, que teve um papel fundamental na famosa Guerra de Troia. Sua história é um misto de triunfo e desgosto, mas ela serve como um modelo quase perfeito para um personagem de Game of Thrones, talvez nem tão conhecido como Agamenon: Stannis Baratheon.
Apesar dos contextos diferentes, quando olhamos para a jornada de Stannis em Westeros vemos algumas semelhanças bem interessantes com a de Agamenon, sendo a principal delas a tragédia final do rei grego: o sacrifício de sua filha.
A Guerra de Troia x A Rebelião de Robert Baratheon
Bom, antes de entrar nos detalhes desse paralelo entre Stannis e Agamenon, é interessante olhar também para as conexões entre as narrativas mais amplas tanto da Guerra de Troia quanto da Rebelião de Robert. Ambos os conflitos são justificados pelas ações impulsivas de um belo príncipe que vive uma paixão proibida com uma bela mulher, provocando, claro, indignação e revolta entre os “traídos”.
Vale lembrar também que o que vou escrever aqui exige um conhecimento prévio ou mínimo tanto de mitologia grega quanto de Game of Thrones. Se ambos os temas te interessam, vamos seguir juntos até o fim desse texto, caso não, te convido a ler outras resenhas aqui da Olhe Novamente ou, se não se importar com spoilers, te convido a ficar por aqui.
Dito isso, vamos lá: Na Guerra de Troia, o príncipe troiano, Páris, rapta Helena, a mulher mais bela do mundo e esposa do rei Menelau de Esparta. No entanto, a causa da guerra é mais complexa e envolve tanto fatores mitológicos quanto políticos. Segundo a mitologia, o evento que desencadeou o conflito foi o julgamento de Páris em uma disputa entre três deusas gregas: Hera, Atena e Afrodite. Durante o casamento de Peleu e Tétis, uma deusa chamada Éris, a deusa da discórdia, jogou uma maçã dourada com a inscrição “para a mais bela”. As três deusas reivindicaram a maçã, e o mortal Páris, filho do rei de Troia, foi escolhido para decidir quem era a mais bela. Típica novela grega, não acha?
Cada deusa tentou subornar Páris de uma maneira: Hera prometeu poder político, Atena ofereceu sabedoria e habilidade na guerra, enquanto Afrodite ofereceu o amor da mulher mais bela do mundo, no caso Helena, esposa de Menelau. Páris escolheu Afrodite, e ela o ajudou a conquistar Helena, o que acabou levando ao rapto (ou fuga?) dela para Troia com Páris. A questão de se Helena gostava de Páris ou não e se o que aconteceu foi um rapto ou uma fuga é ambígua e depende da versão do mito que se examina, já que a mitologia grega tem várias interpretações. Eu particularmente gosto da ideia de que os dois estavam de fato apaixonados.
De forma parecida, na Rebelião de Robert Baratheon, o qual é o irmão mais velho de Stannis, é dito que o pontapé inicial da treta foi o suposto rapto de Lyanna Stark, irmã de Eddard (Ned) Stark, por Rhaegar Targaryen, o príncipe herdeiro do Trono de Ferro. Na visão dos Stark e dos aliados de Robert, Lyanna foi sequestrada contra sua vontade, o que ofendeu profundamente as casas Stark e Baratheon. Robert Baratheon, que estava prometido em casamento a Lyanna, foi pessoalmente afetado e usou o rapto como justificativa para a revolta contra os Targaryen e tomada do poder.
Mais tarde, é revelado que Lyanna Stark e Rhaegar viviam um romance verdadeiro que teve como fruto o querido Jon Snow, conforme a história contada na adaptação da HBO. É interessante citar isso, pois existem algumas diferenças entre a série e o material original.
Resumindo, na Guerra de Troia, Menelau, o marido traído de Helena, convoca os gregos, sob o comando de seu irmão Agamenon, para travar uma guerra contra Troia em nome de sua honra e trazer Helena de volta para seus braços. De maneira parecida, Robert Baratheon reúne seus aliados para derrubar os Targaryens, com o contexto adicional de uma rebelião contra a tirania do então rei Aerys II, carinhosamente também conhecido como o “Rei Louco”.
É legal ver também como, nos dois casos, existe uma figura nobre que desempenha um papel importante em ambas as guerras: Odisseu (ou Ulisses) em Troia e Eddard Stark na Rebelião de Robert.
Odisseu, também conhecido como Ulisses, desempenhou um papel crucial durante a Guerra de Troia, tanto como guerreiro quanto como estrategista. Ele era o rei da ilha de Ítaca, famoso por sua inteligência, astúcia e capacidade de resolver problemas. Sua participação foi decisiva em várias etapas do conflito, mas ele é possivelmente mais conhecido pela concepção do plano do Cavalo de Troia, que levou à queda da cidade. Após dez anos de conflito sem uma vitória decisiva, Odisseu teve a ideia de construir um enorme cavalo de madeira, que seria oferecido como um presente aos troianos. O cavalo estava oco, permitindo que um grupo de guerreiros gregos se escondesse dentro dele.
Em Game of Thrones, Eddard Stark, ou como melhor conhecido, Ned Stark, teve também um papel essencial na Rebelião de Robert Baratheon, sendo uma figura central tanto em termos de liderança quanto de estratégia militar. Embora Robert Baratheon fosse o líder nominal da rebelião, Ned desempenhou várias funções importantes ao longo do conflito, moldando os eventos que levaram à vitória contra a Casa Targaryen.
Foi Ned quem encontrou sua irmã, Lyanna, morrendo na Torre da Alegria, em Dorne. Em seus momentos finais, ela fez Ned prometer proteger seu filho — o bebê Jon Snow, fruto de seu relacionamento com Rhaegar Targaryen. Ned levou a criança consigo para Winterfell, criando Jon como seu filho bastardo para proteger a identidade dele, que poderia ser uma ameaça ao reinado de Robert.
Após a guerra, Ned se firmou como Lorde de Winterfell. Sua amizade com Robert Baratheon, no entanto, permaneceu intacta, e ele manteve a lealdade ao novo rei. O papel de Ned durante a rebelião moldou sua reputação como um homem honrado e leal, mas também colocou sobre ele o fardo de carregar o segredo sobre a verdadeira identidade de Jon Snow, algo que o acompanharia até a morte.
Legal esses paralelos, não acha? E eles não param exatamente aí. A dinastia Targaryen também remete a Eneias, um descendente da derrotada família real troiana que escapa da queda da cidade para fundar um novo império do outro lado do mar. Após a queda de Troia, Eneias foge da cidade em chamas carregando seu pai, Anquises, nas costas e levando seu filho, Ascânio. Sua fuga é considerada um ato de heroísmo e de preservação da linhagem troiana. Segundo a tradição romana, os deuses o guiaram para que fundasse uma nova cidade em outro lugar. Na mitologia romana, Eneias se torna protagonista da Eneida, um épico escrito por Virgílio. Nesse poema, Eneias viaja pelo Mediterrâneo, enfrentando desafios semelhantes aos de Odisseu, até chegar à Itália, onde, segundo o mito, seus descendentes fundariam a cidade de Roma.
Se pararmos para olhar com calma e, com um pouco de imaginação, essa historia é bem similar ao que aconteceu com os Targaryens, que também tiveram que viver no exílio, com Viserys e Daenerys fugindo pelo Mar Estreito após sua derrota. Mais tarde, Daenerys levantaria um exército para tomar de volta o poder que outrora pertenceu à sua família.
O Sacrifício do Cervo Sagrado
Beleza, mas e o papo de Stannis Baratheon? Bom, quando olhamos para esses paralelos, é possível associar Robert a figura de Menelau, certo? Buscando vingança por seu amor perdido (ou roubado). Da mesma forma, a história de Stannis possui algumas similaridades com Agamenon, irmão de Menelau. Mas essa conexão vai muito além de suas posições na realeza. A história pessoal de Agamenon, particularmente sua decisão lamentável de sacrificar sua própria filha, Ifigênia, é quase um espelho da própria narrativa de Stannis. Podemos ver esse paralelo a partir do mito de Ifigênia.
Agamenon foi o comandante supremo das forças gregas na Guerra de Troia. Antes de a expedição grega zarpar para Troia, seus exércitos se reuniram no porto de Áulis, prontos para navegar. No entanto, os ventos cessaram misteriosamente, impedindo as embarcações de partir e o adivinho Calcas revelou que a calmaria era uma punição da deusa Ártemis, que estava zangada com Agamenon. Existem diferentes versões sobre por que Ártemis estava irada com Agamenon, mas a mais comum é que ele teria ofendido a deusa ao matar um cervo sagrado ou ao se vangloriar de ser um caçador superior a ela. Como punição, Ártemis exigiu um sacrifício extremo: a morte de sua filha, Ifigênia, para apaziguar sua ira e permitir que os ventos voltassem.
Agamenon então enfrentou um terrível dilema: se não sacrificasse sua filha, os ventos não soprariam e a expedição para Troia falharia antes mesmo de começar, comprometendo sua honra e a missão dos gregos. Sob forte pressão, ele acabou decidindo sacrificar Ifigênia. Em algumas versões, Ifigênia foi trazida a Áulis sob o pretexto de que se casaria com o herói Aquiles, mas, ao chegar, descobriu seu destino.
Esse ato trouxe profundas consequências tanto para a família de Agamenon quanto para a guerra em si: Clitemnestra, esposa de Agamenon e mãe de Ifigênia, fica cheia de ódio e rancor por ter perdido sua filha. Este ressentimento leva à vingança de Clitemnestra, que assassina Agamenon ao seu retorno da Guerra de Troia, com a ajuda de seu amante, Egisto. O sacrifício de Ifigênia é visto como o preço cruel e trágico que os gregos precisaram pagar para que a expedição à Troia pudesse começar, tornando-se um símbolo do sofrimento pessoal causado pela guerra.
Espelhado a isso, em Game of Thrones, Stannis Baratheon também toma a decisão de sacrificar sua filha, Shireen Baratheon, como parte de um ritual com a esperança de garantir uma vitória militar na batalha pelo norte. Sua decisão, apesar de influências politicas, também passa por questões míticas e sobrenaturais, devido às crenças religiosas que Stannis adota ao longo da série.
Desde o início de sua campanha pelo Trono de Ferro, Stannis é profundamente influenciado pela sacerdotisa Melisandre, que serve a um misterioso deus conhecido como o Senhor da Luz. Melisandre acredita que Stannis é o escolhido, o “Príncipe que Foi Prometido”, destinado a salvar o mundo das trevas. Ela convence Stannis de que o sacrifício de sangue real pode garantir a vitória, afirmando que o poder do Senhor da Luz poderia virar o jogo a seu favor. Apesar de já ter feito Stannis realizar outros sacrificios no passado, Melisandre acredita que Shireen, por ser sua filha legítima com sangue Baratheon, seria uma oferenda ainda mais poderosa.
Assim como ocorreu com Agamenon, optar pelo sacrificio da propria filha não é uma decisão fácil. No momento em que Stannis decide sacrificar Shireen, ele está em uma situação desesperadora. Suas tropas estão extremamente enfraquecidas devido às condições devastadoras do inverno durante sua marcha contra Winterfell, naquele momento defendida pelos Bolton. Seu exército está morrendo de fome e frio, e muitos homens desertam, incluindo a maior parte dos mercenários que ele contratou. Além disso, Stannis já havia perdido grande parte de suas forças na derrota na Batalha de Blackwater e, depois, na tentativa de tomar o norte.
Se vendo sem opções e encurralado pelas circunstâncias, ele se agarra à crença de que um sacrifício extremo pode mudar a situação e trazer uma intervenção divina que o ajudará a vencer, mas logo vemos que Melisandre estava enganada em suas suposições.
Outra relação legal é a figura do Cervo, ou Veado, como animal simbólico. Agamenon é associado a veados já que ele mata um cervo sagrado, o que acaba enfurecendo Ártemis. Além disso, sua filha às vezes é substituída por um veado no último momento, em um ato simbólico de misericórdia. Em Game of Thrones, os Baratheons compartilham essa associação com veados, pois o símbolo de sua casa é justamente um veado coroado.
Profetas, promessas e tragédias
A presença de profetas e videntes também é uma conexão interessante e se observar. A história da Guerra de Troia é marcada pela presença de dois profetas: Calcas, que diz a Agamenon que ele deve sacrificar Ifigênia, e Cassandra, uma sacerdotisa troiana dotada de visões proféticas, mas amaldiçoada a nunca ser acreditada. Ambos os personagens têm conexões com o deus Apolo, a divindade da luz e da profecia.
Calcas era um sacerdote e adivinho grego especialmente conhecido por sua habilidade de interpretar os sinais dos deuses, sendo muitas vezes consultado pelos líderes gregos. Foi Calcas quem previu que os ventos em Áulis só voltariam a soprar para os gregos se Ifigênia, filha de Agamenon, fosse sacrificada.
Já Cassandra, filha do rei troiano Príamo e da rainha Hécuba, foi uma figura trágica na mitologia por causa de sua habilidade profética combinada com a maldição que a acompanhava. Ela foi uma profetisa troiana, mas, embora tivesse o dom de prever o futuro com precisão, ninguém jamais acreditava em suas previsões, devido a uma maldição imposta por Apolo.
Cassandra foi abençoada por Apolo com o dom da profecia, mas, quando ela rejeitou os avanços amorosos do deus, ele a amaldiçoou. Como punição, Cassandra continuaria a prever o futuro corretamente, mas ninguém acreditaria em suas advertências. Essa maldição condenou Cassandra a ver a destruição iminente de Troia e os horrores da guerra sem poder fazer nada para evitá-los. O exemplo mais trágico de seu destino ocorre com o famoso Cavalo de Troia. Quando os gregos deixaram um gigante cavalo de madeira como um presente e fingiram recuar, Cassandra tentou desesperadamente avisar os troianos de que era uma armadilha. Ela afirmou que o cavalo estava cheio de guerreiros gregos prontos para destruir a cidade. Advertência que, como dizemos nos tempos modernos, foi ignorada com sucesso e Troia, cujas defesas eram ditas impenetráveis, teve finalmente sua queda.
Em Game of Thrones também temos visões e advertências ignoradas, podemos vê-las através de Melisandre e Davos. Melisandre, também conhecida como a Mulher Vermelha, é uma sacerdotisa do Senhor da Luz, e a principal conselheira religiosa de Stannis Baratheon. É ela quem introduz a ideia de que o sacrifício de sangue real tem o poder de influenciar o curso dos eventos, culminando na tragédia de Shireen.
Já Davos Seaworth, conhecido como o Cavaleiro das Cebolas, é outro conselheiro próximo de Stannis, mas sua influência é muitas vezes ignorada devido às orientações de Melisandre a Stannis. Davos é o oposto da sacerdotista em vários aspectos: ele é um homem mais prático, leal e guiado por sua moral e senso de dever, não por visões ou fanatismo religioso. Ele frequentemente se opõe às ideias e métodos de Melisandre e é cético quanto às suas previsões e práticas religiosas, especialmente seus sacrifícios. Davos vê Melisandre como uma força perigosa, cujo fanatismo pode levar Stannis a decisões desastrosas.
Apesar de seus avisos e conselhos, Davos é constantemente ignorado por Stannis, que coloca mais fé nas visões de Melisandre. Isso culmina quando Davos é enviado para longe do acampamento, em uma missão diplomática, um ato que o tira de perto no momento em que o sacrifício de Shireen é realizado. Sem Davos por perto, Melisandre exerce total controle sobre Stannis.
Nao há nada de novo debaixo do sol
E assim chegamos ao fim desse paralelo que eu, particularmente, adorei explorar. Mas apesar de tantos pontos em comum, preciso ser honesto aqui e te decepcionar com a verdade: não existem evidências e nem declarações de que essas inspirações são reais. Aliás, quando se trata do material original, ou seja, a saga de livros “As Cronicas de Gelo e Fogo”, o próprio Martin já disse que não teve inspiração nenhuma da Ilíada, um dos principais poemas gregos sobre a história de Troia:
“Eu tiro inspiração de todos os lugares, como a maioria dos escritores. Mas A Ilíada não foi uma influência direta, de forma alguma.” – George R.R. Martin
De qualquer forma, correlações assim nos mostram como as histórias muitas vezes são contadas de maneira repetida, porém de forma diferente. Alguns filósofos e estudiosos afirmam que existe um número finito de narrativas que podem ser contadas, o que resulta nessa sensação que temos às vezes ao assistir algo e relacionar com outras coisas. Tenho um post no Instagram explicando isso, caso tenha interesse. Aproveita e segue a página por lá também. 🙂
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Material de Referência
1 – Wikipedia, Ilíada
2 – Greek Mythology Link, Calchas
3 – Mitologia em Portugues, O Mito de Ifigenia
4 – The Archive of ‘A Song of Ice and Fire’ Lore, So Spoke Martin: The Iliad’s Influence, por George RR Martin
5 – Mitologia em Portugues, O Mito de Cassandra
6 – HBO, The Game of Thrones
7 – A Wiki of Ice and Fire, A Song of Ice and Fire
8 – George RR Martin, “As Cronicas de Gelo e Fogo” – Volumes 1 ao 5
9 – Wikipedia, O Julgamento de Paris
10 – Wikipedia, Eneias
11 – Britannica, Aeneid
12 – Game of Thrones: Histories & Lore, Robert’s Rebellion by King Robert Baratheon