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Nota do Editor #2 – Um ponto de vista pessoal

A cadeirada do Datena no Marçal tem tantas camadas…

Incrível como paramos de levar política a sério no Brasil. Se é que algum dia levamos. Uma das consequências disso é que hoje ser visto como alguém que resolve um problema é melhor do que realmente tomar atitudes para resolvê-lo. Um grande jogo de aparências onde ninguém resolve nada de verdade e o que existe é apenas uma ação simbólica no lugar de uma mudança significativa. Estamos presos em ilusões e não-verdades. Nossa falta de seriedade coletiva em relação à política reduziu nosso discurso público a gestos, frases de efeito e cadeiradas – literalmente falando. A gente precisa levar a política mais a sério novamente.

Imagem e substância deveriam formar um belo par. Infelizmente, hoje temos mais afinidade com a imagem do que com a substância. Em todos os espectros. Bolsonaro, Lula, Marçal…todos têm se mostrado mais grandes artistas do que governadores competentes, mas parece que perdemos a capacidade de separar as coisas. Nossos debates políticos se transformaram em circo e distrações. E como poderíamos esperar menos? Em nenhum debate se vê discussões sérias sobre mudanças climáticas, custo de vida, saúde básica, educação, coisas que realmente fazem sentido e são urgentes para a população.

O que se vê são mentiras, falsas promessas, ameaças e agressões, verbais e físicas. A maioria dos debates políticos hoje em dia é uma briga de caprichos e alegações de hipocrisia. Lamentável. Não podemos ter políticos que só conversam com o povo através de reels no instagram, gente, pelo amor de Deus…política e substância tem mais peso que isso! Nenhum político vai admitir que é um bandido desonesto, perguntar a eles sobre integridade é perda de tempo. São suas ações que revelam seu caráter, é política que deve ser discutida. É impressionante o quão superficiais são a maioria dos entrevistadores, que mais se parecem editores políticos, não especialistas no que fazem.

Reparem como são as entrevistas de emprego, por exemplo. Quem entrevista o candidato, seja uma ou mais pessoas, entende a área do assunto e faz perguntas técnicas para garantir que aquele candidato, caso escolhido, dê conta de fazer o trabalho. Por algum motivo, esse padrão simplesmente não existe no nosso campo político. Nossos entrevistadores simplesmente não conseguem fazer perguntas sérias e EXIGIR respostas sérias. E assim criamos uma espécie de político treinado para falar besteira.

Mas não são somente os entrevistadores quem devem carregar esse piano. Temos que admitir, como povo e eleitores, nossa própria culpa pela falta de seriedade com que consideramos a política moderna. Transformamos tudo em meme. É engraçado? É. Mas hoje, grande parte das pessoas preferem obter suas informações nas mídias sociais do que em um livro ou jornal. As redes sociais estão tomadas por cortes, mas cortes não substituem a palavra escrita, o contexto, a informação completa.

Política é um negócio sério. Está na hora de começarmos a tratá-la com a seriedade que ela merece. Parar com as perguntas vazias. Deixar os cortes de lado. Precisamos sentar e ter uma discussão séria sobre os problemas que enfrentamos e o que fazer a respeito deles. E precisamos já.

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